sábado, 2 de dezembro de 2006

Teatro Municipal da Guarda de novo nomeado para o Prémio de Arquitectura Mies van der Rohe


A ideia dos dois cubos e a relação do Teatro Municipal da Guarda (TMG) com a envolvente parece ter conquistado adeptos no mundo da Arquitectura. É que o TMG foi novamente seleccionado para um dos mais prestigiados galardões de Arquitectura europeus.

Mas Carlos Veloso, o seu autor, não tem grandes expectativas quanto ao Prémio Mies van der Rohe. "Já passei à segunda fase e devo ficar por aí. Mas ser seleccionado já é muito bom", contenta-se o arquitecto, realçando o facto do complexo cultural da cidade ter sido nomeado por um conjunto de especialistas independentes.

"Esta escolha permite uma maior projecção da Arquitectura que se faz em Portugal pelo facto de ser reconhecida num campo profissional internacional", acrescenta o arquitecto da Guarda, radicado no Porto.
Recentemente, o TMG foi uma das 30 obras finalistas dos Prémios FAD'2006, concorrendo com as mediáticas propostas de Jean Nouvel, Richard Rogers ou Souto Moura, mas não ganhou.
Sirvam de exemplo
Este equipamento foi inaugurado em Abril do ano passado e é constituído por dois cubos gigantes. O maior acolhe o grande auditório, com capacidade para mais de 600 pessoas, e o pequeno auditório, com 164 lugares. O bloco mais pequeno alberga o café-concerto, com capacidade para cem pessoas, uma galeria de arte, para além de um estacionamento subterrâneo de três pisos.
Carlos Veloso espera que estas nomeações sirvam, "pelo menos, para mostrar aos políticos que é importante fazer as coisas bem" e lamenta que os políticos não tenham "a capacidade de perceber a importância" destas nomeações e de promover mais concursos onde a qualidade se sobreponha aos critérios económicos.
"Isto não quer dizer que só se faz boa arquitectura com muito dinheiro. Às vezes, é ao contrário. O processo do TMG, desde o concurso lançado em 1998 até à conclusão em obra, no ano passado, é exemplar nesse sentido, por ter premiado uma solução que melhor cumpriu os objectivos previamente definidos", garante, dizendo desconhecer outros de qualidade arquitectónica" lançados pela autarquia.
"É preciso educar culturalmente autarcas"
O jovem arquitecto classifica de "aleatória" a escolha dos participantes em concursos lançados recentemente pela autarquia da Guarda. "Muitas vezes aponta-se uma equipa projectista, porque já fez centenas de projectos daquela área ou especificidade, o que, na prática, não quer dizer que faça a melhor arquitectura", critica. Exemplo disso são, na sua opinião, grande parte dos centros de Saúde do país, que considera de "fraca qualidade arquitectónica", apesar de serem edifícios públicos. E afirma que é preciso "educar culturalmente os responsáveis por estes projectos", nem que para isso seja necessário "mandá-los para Espanha". Provocação à parte, Carlos Veloso acha que, com esta atitude, se está a "lapidar o nosso património topográfico específico por loteamentos de fraquíssima qualidade".

Notícia extraída do JN - Edição Centro
Autor: Luís Martins

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