sexta-feira, 23 de junho de 2006

24.06 - Cavalhadas de Vildemoinhos - Viseu

Ano após ano, desde 1652, que as Cavalhadas de Vildemoinhos no dia 24 de Junho – dia de S. João – percorrem as principais artérias de Viseu.
Embora sendo a festa de Vildemoinhos, há muito que se emancipou dos trambelos, tornando-se na festa mais popular da cidade, pois é nas suas principais avenidas que decorre o seu desfile de cavaleiros, carros alegóricos, bandas de música, ranchos folclóricos e Zés-pereiras.

Dias antes das Cavalhadas já as gentes da aldeia de Vildemoinhos palpitam num ar de festa. Na noite de 23 para 24 de Junho pode dizer-se que a cidade e arredores descem para aí apreciar as sardinhas assadas, o orgulho, da pequena aldeia – a broa Trambela – os pimentos e o vinho do Dão; dessa romaria tão popular e cheia de tradições viseenses, também se podem apreciar outros manjares ligados à gastronomia local assim com manifestações culturais em palcos improvisados mas pujantes de vida e alegria por entre o colorido de arcos e balões.

A História Das Cavalhadas
A origem das Cavalhadas de Vildemoinhos remonta a 1652 e prende-se com o conflito havido entre os moleiros de Vildemoinhos e os agricultores ribeirinhos que cultivavam os campos que circundavam a cidade de Viseu. Uns e outros necessitavam da água do Pavia; dela dependiam os moleiros para verem os seus moinhos a funcionarem e poderem levar a bom termo a sua actividade; igualmente necessitavam da água os agricultores para a irrigação dos seus campos e hortas.
Anos havia em que, devido a invernos mais rigorosos, a própria natureza chamava a si a tarefa de manter a Paz entre os dois grupos; mas quando os Invernos eram pouco difícil se tornava acalmar ânimos e resolver o problema da disputa da Água.
1652 terá sido um ano de grande seca; o Inverno, pouco chuvoso, fizera diminuir o fluxo das águas do Pavia e os agricultores para poderem garantir o normal crescimento dos seus produtos hortícolas, represavam-nas, não chegando por isso a Vildemoinhos, situada a juzante , a água suficiente para fazer mover as quarenta e três mós que habitualmente funcionavam. Daqui surgiram várias situações conflituosas entre moleiros e agricultores, queixando-se os primeiros de os últimos lhes roubarem a água.
Da contenda terão tido conhecimento as autoridades, que não sabendo como resolver tão delicada disputa, iam adiando uma tomada de posição, esperançados que o tempo mudasse e a chuva pusesse termo à disputa da água.
Os moleiros, como não vissem resolvida a questão, resolvem na noite de S. João ir à Capela de S. João da Carreira, a nascente da cidade de Viseu, rezar ao seu Santo e pedir-lhe que intercedesse por eles, fazendo chegar aos seus moinhos a água de que necessitavam. Após a oração, no regresso a casa, as mós moeram por fim, nesse dia; mas depressa os agricultores reconstruíram os seus açudes.
Não tendo as autoridades locais resolvido o problema a seu favor, decidem os proprietários dos campos recorrer a Lisboa, tendo a resposta chegado à Câmara de Viseu a 20 de Maio de 1653, dando razão aos moleiros.
Entusiasmados com o desfecho da contenda, resolvem então os moleiros ir novamente na madrugada de s. João, à capela de S. João da Carreira, montados nos seus cavalos e vestidos a rigor, agradecer ao Santo o milagre feito.
As Cavalhadas de Vildemoinhos chamam anualmente a Viseu milhares de pessoas, que se deslocam para observar o cortejo que percorre as ruas da cidade na manhã de 24 de Junho, assumindo hoje lugar de relevo no Calendário Turístico da Cidade de Viseu, contribuindo para a promoção e divulgação de Viseu, da região e mesmo do país.

1 comentário:

Victor Figueiredo disse...

Parabéns pelo Blog.
Excelente também, pela apologia às Cavalhadas da aldeia de Vildemoinhos, entretanto fisicamente diluída pelo crescente perímetro urbano da cidade de Viseu (mas os locais dos moinhos ainda lá estão).
Felicidades!