Penha Garcia há 480 milhões de anos. Um mar negro pela noite austral é varrido por ventos ciclónicos que erguem ondas colossais. Nesta paisagem de trevas, pouco mais se vislumbra do que pequenos baixios arenosos despojados de vida; um mar gélido estende-se para além do horizonte. Abaixo da superfície líquida encrespada, a vida fervilha de emoções. Colónias de poliquetas e foronídeos sedentários estendem os seus apêndices plumosos às correntes marinhas, quais redes para a pesca de minúsculas partículas orgânicas em suspensão. A passagem de um grande artrópode filocarídeo nadando sobre estas colónias faz com que, num piscar de olhos, os poliquetas e os foronídeos se escondam no interior dos seus tubos escavados na areia. Mais abaixo, milhares de trilobites revolvem o fundo arenoso em busca de alimento, adoptando várias estratégias de comportamento que lhes permitem obter mais comida com menos esforço. Neste colossal fast food de Penha Garcia não é raro ver algumas das maiores trilobites que alguma vez terão existido, com quase meio metro de comprimento: verdadeiros gigantes no mundo dos invertebrados!
São janelas temporais deste mundo perdido que iremos procurar ao longo da Rota dos Fósseis.
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