Espaço pretende proporcionar conforto e contemplação
O primeiro jardim de inspiração japonesa em Portugal foi inaugurado ontem, na Quinta das Lágrimas (Coimbra), e o embaixador do Japão, Hara Satoshi, e mulher, Michiko Satoshi, ficaram encantados com aquele espaço de contemplação e recolhimento onde é possível tomar chá.
Pequenos montes cobertos de musgo, pedras, duas cerejeiras vistas de um varandim, um local concebido pela arquitecta paisagista Cristina Castel-Branco, o jardim foi idealizado como "um espaço de conforto e contemplação, onde ficamos a olhar, sentados e descalços", explica ao DN a projectista. Ali, "as pedras e o espaço entre elas assumem especial protagonismo simbólico. Algumas foram aproveitadas da quinta, outras vieram de Penacova", acrescenta.
Para contemplar o jardim, que custou 15 mil euros, acede-se a um telheiro de madeira, tipo varanda. "Ao fundo, vislumbra-se a mata da quinta, plantada no século XIX, é um efeito fantástico", enfatiza.
Para este projecto, a arquitecta foi ao Japão, tirou um curso intensivo e visitou quase 50 jardins. "Os japoneses assumem a sabedoria em torno das pedras como composição estética que permite chegar ao transcendental", acentua. Também ontem foram dados a conhecer vários quartos e suites de inspiração oriental, cujo acesso está virado para este inédito jardim.
Mas porquê na Quinta das Lágrimas? Cristina Castel-Branco responde: "O hotel tem muitos clientes japoneses, cuja cultura preserva os valores da longevidade. Ora, a história de Inês de Castro mantém-se viva há 600 anos na Quinta das Lágrimas". A arquitecta reafirma ainda o propósito de, com este jardim inédito em Portugal, "celebrar o encontro de culturas". Para tal assinala a ancestralidade entre a história portuguesa e nipónica de cinco séculos: "Chegámos ao Japão em 1543, a primeira história do Japão foi escrita por um jesuíta português, Luís de Froes, e temo-nos esquecido deste legado que partilhámos. Este jardim é um sinal dessa ligação."
Entre os muitos convidados que ontem estiveram na Quinta das Lágrimas para contemplar este jardim, destaque para a ex-atleta olímpica Rosa Mota, recebida ali calorosamente pelos embaixadores do Japão. Também os embaixadores de Marrocos, a família Arrour, estiveram nesta cerimónia. O Jardim Romântico da Quinta das Lágrimas, do século XIX, tem espécies vegetais orientais.
Fonte: Diário de Notícias
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