“Golpe d’asa” é, para além deste engenho cénico e das suas fortes imagens, uma narrativa dramatúrgica apoiada por uma equipa de animadores, actores e músicos que, em desfile e com breves paragens, contam uma “história” simples que vai do namoro ao ovo, ou do nascimento à cova e lembram o dilúvio e a arca de Noé ou o imaginário da “Passarola” de Bartolomeu de Gusmão, tendo sempre presente a nossa im”possibilidade” de voar.
O desfile desta ave "gigante" que remete para o nosso imaginário popular e colectivo é animado por uma equipa de onze actores e músicos que interagem com a " máquina" e com o público tornando ainda mais mágica a passagem de um animal cuja riqueza simbólica apenas se esgota na capacidade imaginativa de cada um dos espectadores.
Algumas paragens povoam todo este andamento numa narrativa baseada principalmente na "imagem" e no relacionamento ora próximo, ora longínquo da equipa de animadores com o público.
Logo no início o pássaro inerte é descoberto pelo grupo de animadores que como "populares" lhe dá vida e inicia o movimento. Pouco depois o aparecimento inesperado de grande quantidade de ovos obriga a uma tentativa frustrada de os chocar. Rapidamente todos são galinhas mas rapidamente também reencontram a normalidade e o andamento. Mais uma paragem. Omedo de algo grandioso, talvez o dilúvio, leva à descoberta de que apenas com os outros conseguirá continuar a caminhada.
Caminhada finalmente interrompida pelo ancestral desejo de voar: a descoberta de pares de asas leva a que cada um dos animadores tente voar. Essa tentativa leva ao abandono do pássaro-mãe e à viagem individual de cada um deixando os espectadores como que ao espelho frente ao pássaro gigante e adormecido.
Fonte: ACERT
Sem comentários:
Enviar um comentário