A companhia O Teatrão estreia quinta-feira “O Círculo de Giz Caucasiano”, um épico escrito por Brecht, no final da Segunda Guerra Mundial.
Profundamente afectado pelo contexto do conflito, o autor pretendeu com este texto problematizar os conceitos de ordem e poder na sociedade.
A representação de “O Círculo de Giz Caucasiano” começa com a discussão entre dois grupos de russos, em torno dos direitos sobre uma propriedade a que voltam após o afastamento das forças nazis. A questão centra-se em saber sobre que princípio deve o caso ser resolvido. Para se chegar a uma conclusão, Brecht constrói uma fábula, de inspiração oriental, onde durante a guerra civil, o filho do governador de Macau é abandonado pela sua mãe e criado por uma ajudante de cozinha, Gruscha.
Através da adaptaçao de “O Círculo de Giz Caucasiano”, O Teatrão pretende que o público reflicta sobre a situação social, política e económica da sociedade contemporânea e entenda que a peça continua bastante actual. Um dos subterfúgios a que O Teatrão recorreu para se estabelecer essa ponte entre o passado e o presente é a referência a Joe Berardo e Champalimaud, duas figuras que se destacam na sociedade portuguesa dos nossos dias pelo poder económico que representam.
O elenco é formado por Adriana Campos, Cláudia Carvalho, Filipe Costa, Filipe Góis, Inês Mourão, Isabel Craveiro, João Castro Gomes, Margarida Sousa, Mariana Nunes, Pedro Lamas, Ricardo Brito e Rosa Marques.
O trabalho de encenação coube a Marco António Rodrigues, encenador brasileiro e fundador da companhia Folias D’Arte.
O “Círculo de Giz Caucasiano” é um espectáculo para três horas e faz temporada até 27 de Janeiro, de quarta a sábado, às 21h30, e ao domingo, às 17h00, no Museu dos Transportes.O preço do bilhete normal é oito euros, de estudante cinco e grupos com mais de 10 pessoas pagam três euros.
No intuito de promover “O Círculo de Giz Caucasiano” e uma discussão à volta da sua temática, O Teatrão organizou um círculo de conversas e uma oficina de encenação.
O círculo é constituído por três palestras a realizar na livraria Almedina, pelas 18h00. A primeira conversa tem lugar no dia 10 de Janeiro e versa a “Cultura, Transgressão e Representação – O papel da arte na sociedade contemporânea”. Segue-se “Tradição e Ruptura – O caminho institucional do País”, no dia 17 de Janeiro, e “Brecht em Português – Percurso e Pertinência”, no dia 24.
Quanto às actividades da oficina de encenação, estão a cargo de Marco António Rodrigues e desenrolam-se na Oficina Municipal de Teatro, nos dias 14, 15, 16, 21, 22 e 23 de Janeiro. Para se poder frequentar a oficina de encenação é obrigatório assistir ao espectáculo.
Fonte: Diário de Coimbra
Sem comentários:
Enviar um comentário