A villa romana foi descoberta em 1998, durante a realização das obras do traçado do IP2, e desde logo revelou um surpreendente estado de conservação, assim como um interessante espólio. Amândio Melo, autarca local, considera que o espaço deve ser «revalorizado para aproveitamento turístico», já que é um «elemento enriquecedor» do património do município.
Nesse sentido, será feita uma intervenção arqueológica mais completa, pelo que a autarquia pretende alargar e continuar com as escavações. O restauro e a valorização da Quinta da Fórnea consiste ainda na vedação do local, na construção de acessos, no fornecimento de material de sinalização e de divulgação, bem como na promoção turístico-cultural, «por forma a atrair visitantes», espera o edil. «Depois de requalificada, a villa vai ser um elemento que suscitará muito interesse, já que é visível da autoestrada (A23)», sublinha. As obras têm um custo previsto de 125 mil euros, porém, são ainda estimativas, já que o concurso público para a requalificação só deverá terminar nas próximas duas semanas. No entanto, Amândio Melo espera que os trabalhos decorram «o mais rápido possível», para que, no final do ano, a villa romana possa receber os primeiros visitantes.
A Quinta da Fórnea é uma propriedade alargada, cuja datação poderá remontar aos séculos II a IV d.C., que albergou uma pequena comunidade auto-suficiente, constituída provavelmente por uma família, os parentes mais próximos e seus criados, durante um período de ocupação ininterrupta de cerca de dois séculos.
Há vários núcleos de construção, assinalados pelas fundações da residência, dos estábulos, das forjas e dos celeiros, formando pequenos quadrados perfeitos. A dividir as duas principais áreas está um caminho de grandes blocos de granito que realça a entrada principal da villa e o pátio, do qual se pode partir para a fundição, onde foram encontradas escórias de ferro resultantes do fabrico das alfaias agrícolas essenciais ao cultivo das terras. Noutro local foram descobertas duas mós e, semeados por vários sítios, meia dúzia de doleos, que mais não são que grandes potes de armazenagem de vinho e azeite. Contudo, durante o período de escavações, houve outras descobertas na Quinta da Fórnea. Um bloco de telha, por exemplo, serviu para confirmar o método peculiar que os romanos utilizavam para cobrir as suas casas, recorrendo a enormes telhas, que pesam entre 15 a 20 quilos, e a telhas em meia cana, colocadas por cima. Parece ter sido este o caso da villa, dada a quantidade de sigilatos – considerada a cerâmica de luxo da altura – encontrados no local. Sinais de riqueza aos quais não serão estranhos a fertilidade agrícola das terras circundantes, bem como o oásis minerífico que sempre caracterizou aquela zona Norte da Cova da Beira. Já a única moeda achada na altura, um sestércio do tempo do Imperador Adriano, trouxe algumas dúvidas no que respeita à datação da villa, por ser a moeda corrente no século II d.C.. No entanto, os especialistas acreditam que apenas tenha chegado ao local mais tarde.
Notícia retirada do Interior
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