A organização do Boom Festival 2008 e a Câmara de Idanha-a-Nova vão recolher o óleo alimentar usado nas 17 freguesias do concelho para produzir a energia eléctrica no recinto do evento.
O Boom Festival é bianual e realiza-se durante a lua cheia de Agosto. Para além da música electrónica, concilia diversas actividades dedicadas a culturas alternativas e modos de vida sustentáveis. Desde 2002 está sedeado nas margens da barragem de Idanha-a-Nova.
O Boom Festival é bianual e realiza-se durante a lua cheia de Agosto. Para além da música electrónica, concilia diversas actividades dedicadas a culturas alternativas e modos de vida sustentáveis. Desde 2002 está sedeado nas margens da barragem de Idanha-a-Nova.
“O Seu Óleo É Música” é o título do projecto a estrear este ano, “que visa recolher o óleo vegetal usado em milhares de domicílios com vista à alimentação dos geradores que irão funcionar em diversas áreas do festival”, explica Jorge Fialho. No último ano, o festival acolheu cerca de 30 mil pessoas, o triplo da população residente no concelho. Para este ano, as previsões para as duas semanas de actividades não ficam abaixo daquele número.
“Desta forma há vários contributos ambientais: será reduzido o consumo de combustíveis fósseis e reduzem-se as emissões de gases com efeito estufa”, acrescenta. O projecto é apresentado como uma iniciativa de intervenção comunitária, que vai englobar também uma campanha de educação das populações e acções de formação nas escolas. “Pretende-se também que haja sensibilização para um novo paradigma energético”, sublinha Jorge Fialho.
Conhecimento vem do Brasil
A acção conta com a consultadoria científica do Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado (IPEC), organização não-governamental, sem fins lucrativos, sedeada em Pirenópolis (Brasil), ligada a meios de vida sustentáveis. “Alguns dos técnicos do IPEC, que colaboram com a ONU, o Banco do Brasil ou o MIT, virão a Portugal dirigir sessões de formação na conversão de motores a diesel para utilização com óleo vegetal usado”, destaca Jorge Fialho.
Cada freguesia terá o seu ponto de recolha
Autarcas são ponto fulcral no projecto. Dentro de semanas, “mal se consiga reunir todos os presidentes de junta”, está prevista uma reunião que marcará o ponto de partida do projecto no terreno. “Pensámos fazer a recolha porta a porta, mas devido à orografia acidentada do concelho, aos acessos difíceis e isolamento de algumas aldeias, achámos melhor ter os autarcas como intermediários”, explica Jorge Fialho. Está a ser estudada a possibilidade dos presidentes de junta definirem com os residentes pontos de recolha dos óleos, “como mercearias ou outros locais centrais que venham a ser definidos”, conclui.
Óleo vai ser filtrado
O Óleo Vegetal Usado recolhido será submetido a um processo de limpeza e filtração, de forma a que possa ser utilizado como Biocombustível, sem adição de qualquer composto químico e fechando assim o seu ciclo de vida.
Eliminar risco
Óleos e gorduras são residuos de lenta decomposição e altamente poluentes. Habitualmente, estes não têm o destino adequado, acabando por ser despejados juntamente com as águas residuais, poluindo assim rios e outros mananciais hídricos. Um litro de óleo polui cerca de um milhão de litros de água.
Outros projectos sustentáveis
O Boom Festival começou a desenvolver projectos para se tornar totalmente auto-sustentável, de forma a não contaminar a natureza e educar para a consciência ecológica. Nestas práticas incluem-se o desenvolvimento de casas de banho que não usam químicos, o tratamento das águas do festival através de biotecnologias, a utilização de energias solar e eólica, a reciclagem, a organização do espaço do Boom segundo os princípios da Permacultura e o fornecimento gratuito de kits de limpeza ao participantes.
Fonte: Diário XXI
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