É esta a crença da Fundação José Saramago e da autarquia de Figueira de Castelo Rodrigo, empenhadas em fazer do titulo «A Viagem do Elefante» uma rota cultural. Um percurso que «chame gente e afaste o tormento da desertificação».
José Saramago morreu exactamente no mesmo dia, um ano depois de ter estado em Figueira de Castelo Rodrigo, quando resolveu seguir os passos do «seu» elefante Salomão.
O paquiderme fez de Castelo Rodrigo, quando ainda não era Figueira, o ponto de passagem para Espanha, primeiro, para o resto da Europa, depois. Em Junho de 2009, Saramago visitou estas terras e fez várias outras paragens: Constância, Castelo Novo, Belmonte, Sortelha, Cidadelhe. Agora, todas elas estão a reunir esforços para porem em marcha uma rota cultural, «O Caminho de Salomão», que as una e, sobretudo, que chame gente que afaste o tormento da desertificação.
«Temos um património que até hoje não brilhava, um património cultural que Saramago nos deu, de certo modo, a conhecer», disse António Edmundo, presidente da Câmara de Figueira de Castelo Rodrigo, passeando uns minutos com Pilar del Río, companheira de mais de 20 anos de Saramago, pela aldeia histórica e recordando momentos da viagem de 2009, antes de fazer o lançamento da brochura da rota cultura «O Caminho de Salomão».
«Saramago fez-nos um grande favor ao escolher-nos para a sua última viagem no país que o viu nascer. Ele também é uma pessoa do Interior, que saiu daqui para ser o melhor do mundo na Literatura», recordou o autarca, que acredita que há um futuro para a ruralidade se a ela se conseguir atrair pessoas.
António Edmundo quer traçar «uma rota de afectos, de vivências, de gastronomia, de hospitalidade, que pode ser percorrida lendo o livro de Saramago», e lançou esse desafio aos outros municípios visitados pelo Nobel, sonhando um dia estendê-la também a Espanha, dado que Salomão seguiu caminho para Valladolid.
«Temos um tesouro», resume o autarca, prometendo usá-lo «no favorecimento dos resistentes destes territórios e destas aldeias históricas», fazendo «jus à memória» de José Saramago «A viagem é óptima para se fazer o balanço de uma vida, para se fazer o balanço de uma etapa para se passar para outra, para se ganhar energias, para se recuperar ânimos para outros balanços», convida, descrevendo Figueira de Castelo Rodrigo como «um ponto de partida, de chegada e de passagem».
Saramago «amava absolutamente o seu país» e «a fundação quer respeitá-lo seguindo o seu percurso», explica Pilar del Río.
«O caminho de Salomão pode ser feito por auto-estradas, estradas secundárias, um dia se calhar também a pé. Muitos jovens poderão vir, encontrar-se consigo próprios ao encontrar-se com a sua história, as suas paisagens, os seus monumentos, as suas pedras e as suas flores e com o amor que estas gentes têm pela sua terra, de que cuidam com mimo», acredita, insistindo que «o maior património que tem Portugal não é económico», mas «a cultura, que é o que mais pode vender Portugal no mundo», e realçando que se mandasse «poria os dois ministérios, Economia e Cultura, juntos».
Fonte: Café Portugal
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